terça-feira, 24 de abril de 2012

Mini Cooper RoadSter

O sucesso da Mini parece não ter limites. Pouco depois de comemorar a produção de 2 milhões de unidades desde seu renascimento, em 2001, a marca inglesa do grupo BMW apresenta sua sexta configuração de carroceria. Desta vez ela criou um conversível de dois lugares, um derivado da versão Coupé, o primeiro três-volumes na história da marca.

Por incrível que pareça, o espaço deixou de ser o problema em um Mini. Se o modelo sempre foi reconhecido pelo seu porta-malas diminuto, a nova versão é mais generosa que a média. Seus 240 litros, mesmo para duas pessoas, são um volume no qual já se pode viver, com a particularidade de objetos mais compridos poderem ser transportados graças à abertura (com fechadura) que une o espaço de carga e a cabine. São 80 litros a mais do que no três-portas tradicional - porém são 40 a menos do que no Coupé.

É possível dizer que o conforto para dois adultos é satisfatório, apesar de ficar no ar a sensação de que o espaço ao redor é menos generoso, em virtude da maior inclinação do para-brisas, que o coloca mais perto da cabeça dos ocupantes. Os motoristas mais altos também têm a visibilidade restringida. Claro que, quando a capota é retirada, sobra espaço em altura e a visibilidade melhora exponencialmente.

Comprimento e largura são os mesmos do trêsportas, mas o Roadster é 5 cm mais baixo, o que, combinado ao para-brisa 13 graus mais inclinado, ajuda a explicar sua melhor aerodinâmica, determinante para que a Mini divulgue números de desempenho melhores do que o modelo de entrada. Tal como no Coupé, há um aerofólio móvel traseiro, que se ergue automaticamente a partir dos 80 km/h. A 120 km/h, sua ação começa a ter efeitos na estabilização da traseira do carro, para mantê-la mais firme no solo. Acima dos 200 km/h (o Cooper S alcança os 227 km/h), a asa traseira chega a criar uma força descendente de 40 kg. Abaixo dos 60 km/h, ela se recolhe sozinha.

A capota de lona é acionada manualmente, sendo necessário soltar a trava, que fica na moldura do para brisa, e depois jogar o teto para trás das costas, que vai se encaixar atrás dos bancos, sem necessidade de colocação de uma cobertura. Para voltar a fechar o Roadster, é preciso pressionar um botão que há entre os arcos de proteção contra capotagens (construídos em aço inoxidável polido), o que faz com que molas a gás levantem um pouco a capota que estava dobrada, o suficiente para depois completar a operação manualmente. A partir de abril, a marca promete uma versão de acionamento automático.

Uma vez ao volante, as diferenças frente aos demais Mini são mínimas. O enorme mostrador central tem, no seu interior, toda a parafernália de menus do sistema de entretenimento e informações do veículo. À frente do câmbio manual de seis marchas, está o botão para desligar o ESP, além da tecla Sport, que torna a resposta do acelerador mais imediata e a direção mais direta. O fato é que, no Cooper S que dirigimos em Lisboa, esse recurso mostrou sua utilidade tornando a experiência de pilotagem mais intensa - agressiva até -, se for esse o trato que damos ao acelerador nesse carro com motor 1.6 turbo de 184 cv, que constitui a mesma base do usado no Cooper de 122 cv e no John Cooper Works de 211 cv.

Após dezenas de quilômetros ao comando do Roadster, chega-se à conclusão de que estamos diante do Mini que mais se assemelha à sensação de pilotar um kart. Mesmo com uma divisão de peso menos equilibrada (62% à frente e 38% atrás, contra os 61/39 do três-portas), o certo é que sua altura reduzida permite estabilidade ainda maior, mesmo na mais fechada das curvas. Os motoristas mais radicais ainda podem optar pela compra do pacote Sport, com suspensão 1 cm mais baixa, mas aí as irregularides do asfalto são transmitidas aos ocupantes com uma fidelidade maior do que qualquer um gostaria.

A direção elétrica é rápida e contribui para as tais doses generosas de diversão, mesmo quando decidimos levantar o pé do acelerador no meio de uma curva mais longa, situação em que às vezes a traseira se solta. Existe um controle eletrônico do diferencial (de série apenas no top de linha John Cooper Works), que freia seletivamente a fim de minimizar a patinagem da roda que perde aderência. Em pisos de cascalho ou asfalto molhado, o recurso ajuda bastante a tornar a dianteira do carro mais obediente, evitando escorregadas exageradas.

Como em qualquer Mini, a pilotagem pede pulso firme, não só porque algumas interfaces (como alavanca de câmbio ou pedais) exigem contato mais enérgico, mas pelo fato de a direção ser especialmente direta, além do acerto mais duro da suspensão. Notamos, porém, que a rigidez da carroceria ficou um pouco aquém do que esperávamos no modelo feito com a chancela do grupo BMW, mesmo compensando o fato de ter perdido o teto rígido. Em pisos menos conservados do que uma mesa de sinuca, provocamos algumas situações de fortes inclinações laterais e foi possível ouvir um ou outro rangido da carroceria.

Ao fim do test-drive, fica claro que o Roadster destina- se a condutores apaixonados e com carteiras folgadas, o que contraindica a escolha das versões a gasolina mais fracas e reforça a certeza de que esse Cooper S, de potência intermédia, parece ser um bom equilíbrio entre diversão e investimento.



VEREDICTO


Apesar de se tartar de um conversível, o Mini Roadster conserva uma esportividade que honra a versão fechada, com direito ao raro prazer de curtir o vento no rosto.

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