sexta-feira, 27 de abril de 2012

Impressão ao dirigir: Ferrari California

Ferrari Califórnia


Desde o aparecimento da Dino 206 GT, em 1968, não se via uma nova dinastia na Ferrari. Apresentada no Salão de Paris, em outubro, a California traz para Maranello a era do câmbio de embreagem dupla e sete marchas e a do teto rígido escamoteável, recurso que faz com que assuma personalidade bipolar, alternando ares de cupê e conversível. Quer mais? Então tome motor central-dianteiro, disposição que não se via na marca há 35 anos, desde o modelo 308. Trata-se de um oito-cilindros com injeção direta, de olho em menores consumo e emissões, preocupações universais.

Nos meses que antecederam o lançamento, muito foi dito sobre a California. Anunciou-se que ela seria uma mini-Ferrari, um carro mais barato. “Essa idéia nunca existiu”, disse Luca di Montezemolo, presidente da Fiat, controladora da Ferrari. “Desde o início, nosso plano era fazer um Gran Turismo inédito que permitisse conquistar novos consumidores, mas com performance e conforto dignos de nossa tradição.”

Para chegar à California, atravessamos a Itália e fomos a Mazara del Vallo, na extremidade oeste da Sicília, a ilha onde o modelo foi apresentado sob o sol que nesta época abandona Maranello, no centro da Itália, e deixa uma bruma cinzenta, típica dos meses mais frios, tomando conta dos arredores.

A nova Ferrari foi inspirada em um clássico italiano dos anos 1950. Em 1957, a 250 California foi desenvolvida a pedido dos dois distribuidores da marca nos Estados Unidos, o italiano Luigi Chinetti e o norte-americano John von Neumann. A dupla pretendia turbinar as vendas da marca com um modelo charmoso e possante, ideal para rodar pelas estradas ensolaradas da costa oeste americana. Enzo Ferrari ouviu os argumentos e topou produzir o conversível. Foi um sucesso que marcou época. Do clássico desenhado por Battista Pinin Farina, a recém-chegada herdou traços como as entradas de ar no capô e nos pára-lamas e a linha lateral. É um projeto completamente novo, com chassi e carroceria de alumínio.

“Há quatro anos, quando começamos a conceber o carro, não pensamos em um modelo com estilo retrô, mas em um carro bonito e veloz, mas não necessariamente extremo, como os feitos para quem gosta de eventos de pista”, diz Roberto Corradi, diretor de desenvolvimento do California. O resultado é um carro elegante, com 4,56 metros de comprimento, chassi e carroceria de alumínio, capô alongado, elegantes faróis com diodos e lanternas bem redondas que se projetam sobre os flancos traseiros.

Opções no cardápio Bonita por fora, por dentro a nova Ferrari não desaponta ao reunir o melhor do mundo dos carros luxuosos. No painel de instrumentos destaca-se o grande conta-giros (ladeado pelo velocímetro) analógico, com um indicador de marchas. À esquerda, um dispositivo digital mostra as funções de relógio, termômetro e também pode mostrar temperatura do motor e do radiador e pressão dos pneus. Os bancos dianteiros, esportivos e revestidos de couro e com regulagem elétrica, acomodam bem os ocupantes, que contam com ar-condicionado dual zone. O mesmo elogio não se estende ao espaço disponível atrás, apesar de os engenheiros da marca italiana e o próprio Montezemolo definirem a California como um 2+2. Mas, se falta espaço para as pernas de adultos na parte traseira, há razoáveis 240 litros no porta-malas, mesmo com a capota abaixada (com ela recolhida, essa capacidade ganha mais 100 litros). Há a vantagem de aproveitar o espaço na parte de trás para carregar objetos maiores, já que ela se comunica com o porta-malas.

Giro a chave na ignição e aperto o botão para dar a partida, o “Engine Start”, não por acaso pintado de vermelho, situado à esquerda no volante. Antes de seguir na direção de Trapani, a oeste, sobre asfalto úmido, calibro o manettino – o seletor, do lado direito da direção, que regula a suspensão e a tração do carro – para a posição confortável (no cardápio há ainda a opção esportiva e a que libera o controle de estabilidade). Depois de acelerar o V8 apenas para ouvir sua “música”, o vento frio me convence a fechar a capota e decido iniciar o percurso posicionando o manettino na opção esportiva. Que a diversão comece.

Com os mesmos 4,3 litros do motor que equipa a F430, a California tem 460 cv, 30 a menos. “São duas arquiteturas bem diferentes, em que privilegiamos o conforto no novo modelo”, afirma o italiano Vittorio Dini, engenheiro da Ferrari que coordenou seu desenvolvimento. Segundo ele, o bloco é o mesmo, mas os diâmetros dos cilindros são distintos: 94 milímetros na California, 92 milímetros na F430. “Com isso, privilegiamos o torque em baixa rotação”, diz Dini. Outra mudança é que com a injeção direta a taxa de compressão passou para 12,2:1, ante 11,3:1 na F430, o que ajudou a reduzir consumo e emissões de CO2. “A California consome cerca de 15% a menos que a F430 e é um belo passo na direção de carros mais econômicos e menos poluentes”, afirma Dini.

Com discos de cerâmica e F1-Trac, o controle de tração que equipa a California (e que entra em ação caso uma das rodas não tracione adequadamente, corrigindo o movimento), não ouso rodar pela auto-estrada siciliana no mesmo ritmo voraz de Dario Benuzzi, piloto-chefe dos testes da Ferrari, que horas antes cravara quase os 310 km/h de velocidade máxima com Montezemolo a seu lado. Benuzzi, com 37 anos de experiência e milhares de quilômetros com as máquinas de Maranello, começou a desenvolver o modelo ao lado de Michael Schumacher. A partir de 220 km/h e 6 000 rpm, o asfalto irregular da rodovia siciliana fazia com que o carro balançasse além da conta. Mas piso o suficiente no acelerador para descobrir boas características do carro. Controlado por borboletas no volante ou em modo automático, a transmissão com sete marchas concebida pela alemã Getrag é acionada por duas embreagens que funcionam simultaneamente. Enquanto uma responde pelos engates da primeira, terceira, quinta e sétima marcha, a outra cuida de segunda, quarta e sexta. A vantagem? Menos tempo gasto nas engates e mais precisão, já que o próxima troca já está engatilhada. No ano que vem, está o previsto o lançamento de uma versão manual, com acionamento convencional.

Arrancada perfeita Minutos depois, em uma estrada secundária, em segurança, experimento o “launch-control”, que cuida de proporcionar uma arrancada perfeita, acionado por um botão no console, ao lado da marcha-à-ré e do botão que passa o câmbio para a opção automática. Com 3,9 segundos para ir de 0 a 100 km/h e 12,2 segundos para partir de 0 a 400 metros, segundo a fábrica, ela não deve nada à F430 no quesito arrancada. Aproveito para abaixar a capota de alumínio, operação feita em 14 segundos. Mesmo em alta velocidade e com o vento, consigo apreciar o ronco do V8, ouvir música (ela tem rádio, CD player e acesso para MP3 e entrada USB) e conversar. “Foram cerca de 1 000 horas em túnel de vento para fazermos um carro com esta acústica e com boa distribuição dos fluxos de ar”, diz Corradi.

Apesar de o motor ser dianteiro, cerca de 53% do peso estão distribuídos na parte traseira, onde está montado o câmbio. O volante, com a base achatada, é mais que insinuante e nos trechos mais sinuosos, usando a opção mais esportiva de acerto, o carro tende a sair um pouco nas curvas, quando o pedal do acelerador é apertado com mais firmeza. Isso exige algum tempo para que se conheça seu equilíbrio, antes de correr sem passar sustos.

Com a finalidade de privilegiar o conforto, a suspensão traseira foi refeita com braços multilink. O controle de tração F1-Trac foi emprestado da F599 Fiorano e funcionou muito bem. Além de airbags, o carro tem barras, acionáveis em milissegundos, que protegem os ocupantes em caso de capotamento na posição conversível.

A má notícia é que a Ferrari California não desembarcará tão cedo no Brasil. Pelo menos até junho do ano que vem, o modelo será vendido exclusivamente na Europa, por cerca de 180000 euros. No primeiro semestre de 2009, o modelo chegará aos Estados Unidos. Por aqui, talvez, daqui a um ano. Ela espera seduzir clientes que hoje rodam em Porsche 911 Turbo, Mercedes-Benz SL 63 AMG, Bentley Continental e Aston Martin DB9 Volante. A meta é vender cerca de 2000 carros a mais a cada 12 meses. Carisma, tecnologia e disposição não faltarão como bons argumentos para que esta Ferrari dos novos tempos faça um grande sucesso também por aqui.
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Veredicto

Um conversível e um cupê quase pelo preço de meia Ferrari. E sem abrir mão do prazer e do prestígio, itens de série da marca.

Desmonte E Monte: Chevrolet Agile

Chevrolet Agile


Compramos o Agile em novembro de 2009. "A previsão é que ele chegue em dezembro", disse o vendedor da concessionária Carrera, onde adquirimos o carro. Mas o Agile só chegou bem depois, em fevereiro — de acordo com a fábrica, o atraso ocorreu por causa de uma adequação da linha de montagem das unidades com ABS e airbag duplo em Rosário, na Argentina.

Em março de 2010, começava a marcha do Agile no Longa Duração. Sem grandes problemas, ele cumpre sua missão e passa pelo desmonte aprovado. Mas poderia ter se saído ainda melhor.

Antes de iniciar as medições, nosso consultor técnico e responsável pelo desmonte dos carros de Longa Duração, Fábio Fukuda, rodou cerca de 100 km com o Agile. "Queria sentir o carro antes de iniciar a desmontagem. Isso sempre rende boas pistas sobre os pontos críticos", disse. A característica mais notada por Fukuda foi a mesma apontada pela maior parte dos 44 motoristas que se revezaram ao volante do Agile: a trepidação excessiva nas arrancadas.

Esse mal foi apontado pela primeira vez pelo editor Paulo Campo Grande aos 34 475 km e continuou até o fim da jornada, mesmo tendo sido reportado nas cinco paradas posteriores - duas para revisões programadas e três para troca de óleo. Na revisão de 50 000 km, o consultor da concessionária Adara, de Campinas (SP), sugeriu a troca do kit de embreagem. Como o técnico não garantia o fim do problema, não autorizamos o serviço. Sábia decisão. No desmonte, Fukuda detectou que a embreagem ainda estava vendendo saúde: "Pelo bom estado dos componentes, dá para afirmar que aguentaria pelo menos mais 10 000 km", diz. A grande questão permanecia: qual era, afinal, a origem da trepidação?

Fim do mistério 

A resposta veio antes que a primeira ferramenta tocasse o carro. Fukuda notou que o coxim usado para fixar o motor na longarina direita estava com a borracha rompida. "Considero essa uma falha grave. Não compromete a segurança, mas dar uma olhada nos coxins era uma das primeiras providências a serem tomadas", diz Fukuda. "Se tudo estiver bem, aí sim dá para cogitar a embreagem como culpada", afirma.

O desmonte comprovou dois deslizes apontados por QUATRO RODAS em outubro de 2009, no lançamento do Agile. A linha de escapamento apresenta chapa defletora de calor apenas no túnel central. Abaixo do porta-malas, ao lado da cuba do estepe, a ausência da placa metálica permite que o calor do abafador traseiro invada o compartimento de bagagens. O outro ponto crítico é a mangueira de drenagem do ar-condicionado. Fixada a um tubo junto aos pés do passageiro dianteiro, fica sujeita a esbarrões acidentais. Deslocada, ela deixou a água vazar para baixo do carpete - ao se remover a forração, foram encontrados sinais de infiltração no local.

A desmontagem completa do motor revelou alguns problemas. Nada alarmante, por enquanto, mas poderiam se agravar com o passar do tempo e dos quilômetros. Com abertura acima ou no limite do tolerado, os anéis não permitiam que os pistões gerassem a compressão nominal (entre 240 e 280 psi). A situação se mostrou mais grave nos cilindros 1 e 2, onde a pressão de compressão média (são realizadas três medições) foi de, respectivamente, 225 e 223,33 psi. Os cilindros 3 e 4 também trabalhavam sem a compressão adequada: 235 e 236,66 psi. O principal reflexo dessa desconformidade foi notado nas válvulas de admissão: as dos cilindros 1 e 2, não por acaso, mostravam acúmulo mais severo de carvão. "Como a pressão vaza pelo anel, o pistão não comprime a mistura adequadamente e a temperatura da câmara fica abaixo do ideal. Some a isso a invasão de lubrificante e temos a explicação para o excesso de material depositado na base das válvulas", diz Fukuda. A pressão de óleo e a de combustível estavam dentro do nominal, assim como o virabrequim e a conicidade dos cilindros - a GM não divulga os números tolerados para essas análises.

A marca também faz suspense sobre as medidas nominais dos componentes do freio - espessura mínima de disco e diâmetro máximo de tambor. Ainda assim, nosso consultor deu um jeito: "Essas especificações são impressas nas próprias peças, mas só são visíveis quando novas. Fui até uma concessionária, pedi as peças e anotei os dados". Todas as medidas estavam dentro dos limites.

Câmbio, suspensão e direção, todos em perfeito estado, arrancaram elogios de Fukuda. A aplicação de uma pesada camada de feltro na região do painel afastou os barulhos daquela região. As travas das peças plásticas, apesar de íntegras, não impediram as reclamações sobre ruídos de acabamento, principalmente na traseira. Conectores, terminais e plugues também atravessaram os 60 000 km intactos.

Assim como o Ka de Longa Duração, desmontado em junho de 2010, o reservatório de expansão do radiador teve as paredes escurecidas pela ferrugem. De acordo com uma fonte ligada à área técnica da Behr, fornecedora do sistema de arrefecimento do Agile, "a ferrugem só se forma quando se erra na proporção de aditivo na água, ou no próprio aditivo. A corrosão atinge motores com bloco de ferro fundido, não o radiador, feito de material que não enferruja". No plano de manutenção, indica-se a troca do líquido de arrefecimento a cada 150 000 km ou cinco anos.

Além de ignorar nossos apontamentos de problemas de trepidação e não atentar para a necessidade de troca antecipada do líquido de arrefecimento, a rede chegou a cobrar por componentes não substituídos. Na revisão dos 50 000 km pagamos pela troca do filtro de cabine e, segundo Fukuda, ela não aconteceu: "Pelo estado deplorável da peça, dá para concluir que ela está lá desde muito antes de março, quando o carro passou pela última revisão". Derrapadas da rede à parte, o Agile foi bem ao longo de toda sua trajetória ao nosso lado e sai aprovado do exame final.


APROVADO

PARADAS DE SUCESSO

Os ensaios de pista confirmam as medições na oficina: o Agile melhorou em todas as provas de frenagem entre o primeiro e o último teste.

DENTES PERFEITOS

Luvas de engate, anéis sincronizadores, engrenagens: aos 60 000 km, o câmbio do Agile está em perfeito estado.

MEIA VIDA

Se dependesse da rede autorizada, a embreagem teria sido substituída à toa: o desmonte revelou que o conjunto ainda estava bom.

BARREIRA DE SOM

O isolamento acústico é caprichado atrás do painel: uma generosa camada de feltro afasta os ruídos do motor.

REPROVADO

O GRANDE CULPADO


A parte de borracha é o elemento elástico do coxim. O do Agile estava rompido e era o responsável pela trepidação nas arrancadas. Nenhuma concessionária notou o defeito.


ATENÇÃO

CARVÃO NA BASE

Diferentemente das válvulas de escape, as de admissão terminaram o teste com acúmulo severo de carvão. Culpa da má vedação dos anéis dos pistões.

FOLGADO

Com folga excessiva, os anéis impediram os pistões de comprimir adequadamente a mistura ar-combustível. A troca dos anéis pede uma retífica geral do motor, um serviço de cerca de 4 000 reais.

PLÁSTICO ENFERRUJADO

Tanque de expansão do sistema de arrefecimento: paredes escurecidas pela ferrugem. A substituição do líquido é indicada a cada 150 000 km.

PARA BAIXO DO TAPETE

Mal encaixada, a mangueira deixava vazar a água do ar-condicionado para o assoalho, conforme denuncia a marca de infiltração no local.

PINTOU SUJEIRA

Na última revisão, autorizamos a troca do filtro de cabine. O péssimo estado do componente, porém, indica que o serviço não foi feito.

CHAPA QUENTE

Sem placa de alumínio para afastar o calor do sistema de escape, a chapa do assoalho do porta-malas aquecia na região acima do abafador traseiro.

HISTÓRICO

3318 
- luz da injeção acende
6712 - Ruídos na suspensão
16172 - Verniz descascado na dianteira, no para-lama direito e no para-choque
25914 - luz da injeção acende
32124 - lâmpada do farol queimada
52666 - porta dianteira direita é atingida por uma moto



PRÓS

Robustez 
Montado sobre uma plataforma adaptada do classic, o Agile se mostrou apto a enfrentar a dureza de nossas ruas e estradas. Buchas e terminais estavam em perfeito estado, assim como a caixa de direção, sem sinais de folga ou desgaste. câmbio e embreagem também se saíram bem: o desmonte revelou que eles ainda davam conta do recado.

CONTRAS

Rede Os maus serviços prestados foram uma constante na rede chevrolet. uma falha no verniz do para-choque e do para-lama dianteiros surgiu após uma das paradas para manutenção. a concessionária negou ter feito qualquer reparo de pintura. Sem provas, não havia muito a ser feito. Na revisão dos 50000 km, cobraram pelo filtro de cabine, mas não trocaram a peça.


FOLHA CORRIDA

PREÇO DE COMPRA: 40458 reais (novembro/2009)
QUILOMETRAGEM TOTAL: 60915 km - 39767km (65,3%) rodoviário e 21148 km (34,7%) urbano
CONSUMO TOTAL: 7 580 litros de álcool (13 576 reais)
CONSUMO MÉDIO: 8 km/l
REVISÕES: 10000 km - 459 reais (São Paulo-SP); 20000 km - 488 reais (São Paulo-SP); 30000 km - 778 reais (São Bernardo do Campo-SP);40000 km - 923 reais (São Paulo-SP); 50000 km - 1327 reais (Campinas-SP); Troca de óleo entre as revisões - seis, totalizando 619 reais

ÁLBUM DE RECORDAÇÕES
 



RAIO DE AÇÃO


CHECK-UP
QUILOMETRAGEM / 2 428 km (nov 2009) / 60 220 (mar 2010) / Diferença entre os teste (%)

0 a 100 km/h (s)  /  12,9  /  12,7  /  1,55
0 a 1 000 m (s)  /  34,3  / 34,1  /  0,58
3ª 40 a 80 km/h (s)  /  8,6  /  8,2  /  4,65
4ª 60 a 100 km/h (s)  /  11,8  /  11,2  /  5,08
5ª 80 a 120 km/h (s)  /  18,4  /  17,7  /  3,80
Frenagem 60 km/h a 0 (m)  /  16,1  /  14,1  /  12,42
Frenagem 80 km/h a 0 (m)  /  28,2  /  25,6  /  9,22
Frenagem 120 km/h a 0 (m)  /  65,5  /  57,4  /  12,37
Consumo urbano (km/l)  /  7,8  /  7,7  /  1,28
Consumo rodoviário (km/l)  /  9,9  /  10,1  /  2,02
Ruído interno PM (dBA)  /  46,7  /  47,9  /  2,57
Ruído interno RPM máx. (dBA)  /  72,4  /  74,3  /  2,62
Ruído interno 80 km/h (dBA)  /  63  /  63,8  /  1,27
Ruído interno 120 km/h (dBA)  /  70,3  /  69,5  /  1,14


VEREDICTO

Infelizmente, a desatenção da rede é uma constatação comum nos últimos carros de Longa Duração. Não fosse isso, o Agile sairia como um dos modelos mais íntegros do teste. Câmbio, suspensão, direção e freios surpreenderam pelo bom estado após 60 000 km.


FICHA TÉCNICA

Motor: dianteiro, transversal, 4 cilindros, 8V, 1 389 cm³
Diâmetro x curso: 77,6 x 73,4 mm
Taxa de compressão: 12,4:1
Potência: 102/97 cv a 6 000 rpm
Torque: 13,5/13,2 mkgf a 3 200 rpm
Câmbio: manual, 5 marchas, tração dianteira
Dimensões: comprimento, 400 cm; largura, 168 cm; altura, 147 cm; entre-eixos, 254 cm
Peso: 1 075 kg
Peso/potência: 10,5/11,1 kg/cv
Peso/torque: 79,6/81,4 kg/mkgf
Volumes: porta-malas, 327 litros; tanque, 54 litros
Suspensão: Dianteira: independente, Mcpherson. Traseira: eixo de torção
Freios: disco ventilado (diant.), tambor (tras.)
Direção: hidráulica
Pneus: 185/60 R15
Principais equipamentos: ar-condicionado, direção hidráulica, trio elétrico, aBS, airbag duplo, rádio com Bluetooth, rodas de liga leve, faróis de neblina

Desmonte E Monte: Hyundai i30

Hyundai i30


Nada de paradas para conserto de batidas ou problemas constantes que impedissem a marcha firme e acelerada do i30, que não precisou de mais que 12 edições para escrever sua história no Longa Duração de QUATRO RODAS. O maior dano sofrido foram dois riscos leves no para-choque dianteiro deixados por um motoboy descuidado. Foram 60 000 km sem qualquer reclamação mais séria de mau funcionamento. Mas se por um lado a vida mansa do i30 indica que o caminho das pedras para a Hyundai no Brasil está traçado, por outro há outras pedras que devem ser retiradas para evitar tropeços. Revisões com preços altos, empurroterapia de peças e serviços e mão de obra displicente caracterizaram a rede de assistência da Hyundai.

Motor, suspensão, sistema elétrico e acabamento foram desmontados. Apenas o câmbio foi poupado da autópsia promovida pela oficina Fukuda Motorcenter. Fábio Fukuda, responsável pelo desmonte, diz: "Fizemos uma inspeção visual cuidadosa no equipamento e no seu óleo lubrificante, atrás de sinais de desgaste ou qualquer traço de contaminação. Como não encontramos nada, não havia por que desmontar todo o conjunto". O C4 Pallas de Longa Duração, desmontado em dezembro de 2009, também tinha motor 2.0 e câmbio automático, mas as constantes reclamações sobre seu funcionamento e sinais de desgaste visíveis justificaram a desmontagem completa.

O motor quatro-cilindros 2.0 16V, segundo Fukuda, foi aprovado com pequenas ressalvas. O primeiro teste realizado foi o de medição de pressão interna dos cilindros, realizado duas vezes para efeito de eliminação de variações. Na primeira passagem, 180 psi no primeiro cilindro e 185 psi nos demais - na segunda, 185 psi nos quatro cilindros. De acordo com o manual de reparação cedido pela marca, a pressão mínima seria de exatamente 185 psi. Os responsáveis pelos números dentro das especificações (ainda que próximos do limite) são os anéis de compressão, todos com 0,3 mm de folga, portanto dentro do que a Hyundai estabelece como nominal, entre 0,2 e 0,35. Existem ainda outros dois anéis por pistão, ambos conhecidos como raspadores. "O raspador 1 do primeiro cilindro se partiu na desmontagem", diz Fukuda. Os do segundo e terceiro cilindros estavam com folga acima do tolerado (entre 0,37 e 0,52 mm) - respectivamente 0,55 e 0,6 mm. Em compensação, todos os raspadores 2 atendiam às especificações. As medições apontaram folga entre pontas de 0,4 mm, e o previsto pela fábrica fica entre 0,2 e 0,6 mm. Ainda na região baixa do motor, tudo certo com os cilindros, que mostraram diâmetro dentro das especificações - os limites de ovalização e conicidade não constam no manual de reparação cedido pela Hyundai. Todos os pistões estavam com folga e diâmetro dentro dos padrões.

Má alimentação Com o cabeçote aberto, Fukuda encontrou as quatro válvulas de admissão com severo acúmulo de carvão na base. "Diferentemente do álcool, que tem uma queima mais ‘seca’, a gasolina deixa resíduos úmidos e isso favorece o acúmulo de carvão na base das válvulas", diz Fukuda. "De qualquer forma, a quantidade de material depositado era exagerada", disse. O problema é que, ao se desprender, o carvão invade as câmaras "de combustão". Lembra da baixa eficiência dos raspadores 1? A razão pode estar exatamente no contato excessivo com o carvão. As válvulas de escape estavam limpas, o que também era de esperar, pois a temperatura muito mais elevada que aquelas a que são submetidas as de admissão e o próprio fluxo de saída dos gases rumo ao sistema de escapamento surtem um efeito limpante. Uma olhada no diário de bordo do i30 nos faz recordar que o hatch sofreu uma intoxicação alimentar. Em setembro de 2010, durante uma viagem de caça a um carro para a seção Segredo, um abastecimento com gasolina "batizada" fez com que o coreano perdesse sua força e não passasse de 60 km/h. "Mal conseguíamos ultrapassar uma carreta carregada", afirma o fotógrafo Silvio Gioia, que dirigia o carro na ocasião. "Tudo voltou ao normal após um abastecimento, em outro posto. Mas nenhuma luz ou aviso acendeu."

O sistema de direção passou fácil pela dura prova do desmonte: "A caixa de direção estava impecável. Terminais e barras axiais chegaram aos 60 000 km em perfeito estado. Levando em consideração os pneus largos e de perfil baixo rodando sobre nosso asfalto tão maltratado, foi uma surpresa positiva", diz Fukuda. A maior prova de resistência, no entanto, foi aplicada pela rede autorizada: por duas vezes, os amortecedores dianteiros foram deixados com os parafusos de fixação da torre completamente frouxos (veja outras experiências negativas com as concessionárias Hyundai no quadro da pág. 105). As suspensões também se apresentaram íntegras e arrancaram elogios de Fukuda. "Nenhuma folga nas buchas de bandeja nem nas ligações da barra estabilizadora."

Os freios terminaram em bom estado, mas nem poderia ser diferente. Na última revisão, a dos 50 000 km, as pastilhas foram substituídas prematuramente: poderiam rodar, no mínimo, outros 5 000 km. Os discos dianteiros e traseiros também resistiram bem e acabaram o teste com espessura dentro dos padrões.

Até no detalhe do detalhe, o i30 causou excelente impressão. A retirada do painel e das forrações revelou virtudes que os olhos não alcançam, mas que os ouvidos agradecem. Encaixes precisos, grampos bem fixados e aplicados sem economia, vedação impecável e chicotes de fios e cabos "silenciados" com muita espuma e feltro, além de conectores elétricos bem travados. "Disparado, o melhor carro que já desmontei para o Longa Duração de QUATRO RODAS", diz Fukuda, com a experiência de quem já desmontou 23 carros. Os 30 motoristas que se revezaram ao volante sentirão saudade desse coreano competente e, acima de tudo, confiável.



APROVADO

PEGANDO NO BATENTE

Os batentes dos amortecedores dianteiros foram substituídos em garantia na revisão dos 20 000 km. Estavam, segundo a concessionária, com deformação excessiva. Os amortecedores em si chegaram ao desmonte, sem sinais de vazamento.

RODA DA FORTUNA
Buchas e terminais resistiram bem à buraqueira de nossas ruas. E olha que o conjunto foi submetido a situações extremas. Na revisão dos 20 000 km, uma roda amassada teve de ser substituída, por 1 770 reais.


PARADA OBRIGATÓRIA
O i30 sempre parou de forma equilibrada e sem sustos para o motorista. Os quatro discos encerraram os 60 000 km com espessura dentro da tolerância. As pastilhas foram trocadas prematuramente durante a revisão dos 50 000 km.


COM PRESSÃO
Cada pistão tem dois anéis raspadores e um de compressão. Os raspadores 1 sofreram com o contato excessivo com o carvão que se desprendeu das válvulas de admissão e acabaram o teste com folga excessiva. Os anéis raspadores 2 e os de compressão estavam dentro da tolerância.


O VIRA VIROU
Aprovado sem restrições, o virabrequim passou em todas as medições a que foi submetido. Munhões, moentes e folga axial obedeciam aos parâmetros descritos no manual de reparação fornecido pela Hyundai.

BOMBA DESARMADA
A bomba d’água estava impecável, assim como todo o sistema de arrefecimento. Aguentaria outros 60 000 km tranquilamente. E não se autodetonaria.

CORPO FECHADO
Isolamento perfeito deixou água e poeira no lugar certo: do lado de fora. Presilhas de qualidade e em quantidade correta prenderam bem os revestimentos, colaborando para o baixo nível de ruído do i30.

CONEXÃO DIRETA
Com o painel retirado, mais um sinal de capricho: todos os chicotes elétricos são adequadamente envolvidos com material antichama e antirruído. Conectores e terminais também são de ótima qualidade.

CABEÇA FRIA
O cabeçote estava intacto, sem sinais de vazamento na região da junta ou qualquer dano físico proveniente de óleo contaminado.



ATENÇÃO

BASE CONTAMINADA

O carvão úmido nas válvulas de admissão é típico de queima de gasolina, mas se acumulou em excesso, a ponto de contaminar as câmaras de combustão.

CHECK-UP



HISTÓRICO

6 623 km -
 Esbarrão de uma moto deixou dois riscos no para-choque dianteiro
20 000 km - Substituição de uma roda amassada que nos custou 1 770 reais
50 000 km - Pastilhas dianteiras e traseiras foram trocadas prematuramente na revisão, ao custo de 621 reais, sem contar a mão de obra. A concessionária ainda ofereceu um jogo de pneus novos por 3 920 reais. Fora dela, pagamos 2 156 reais, ou seja, 45% a menos.




FOLHA CORRIDA

PREÇO DE COMPRA:
 58 000 reais (dezembro/2009)
QUILOMETRAGEM TOTAL: 61 402 km - 47 771 km (77,8%) rodoviário e 13 631 km (22,2%) urbano
CONSUMO TOTAL: 6 163,65 litros de gasolina (15 721,73 reais)
CONSUMO MÉDIO: 10 km/l
CUSTO POR 1 000 KM: 415,37 reais (0,41 real por km, já somados os valores de revisões e reparos extras)
REVISÕES: 10 000 km - 344 reais (Caoa Norte, São Paulo); 20 000 km - 979,44 reais (Caoa Robert Kennedy, São Paulo); 30 000 km - 834,70 reais (Caoa Guarulhos, São Paulo); 40 000 km - 955,50 reais (Caoa Edgar Facó, São Paulo); 50 000 km - 2 590 reais (Dapevel Santos, SP)




ROTEIRO



A jornada do i30 teria sido ainda mais tranquila não fosse a desatenção e a ganância da rede autorizada. Não nos pouparam da incômoda empurroterapia nem na parada para uma simples troca de óleo realizada aos 2 500 km, antes da primeira revisão, aos 10 000 km. Se a primeira impressão é a que fica, vale lembrar que após o primeiro pit stop do i30 nos mandaram uma conta onde aparecia "descarbonização da injeção" e "Oil Miralube", um aditivo do óleo do motor. Questionamos e os dois itens opcionais não foram cobrados, fazendo a conta cair de 252 para 153 reais. Nas revisões, além da mesma disposição de empurrar serviços não previstos no plano de manutenção da Hyundai, as concessionárias pecaram por cobrar preços muito altos. Descobrimos que o serviço de alinhamento e balanceamento, por exemplo, pode variar de 90 a 300 reais. E que tal um jogo de pneus novos, que sai por 3 920 reais na concessionária, mas pode ser adquirido numa loja independente por 2 156 reais? A Hyundai sabe que precisa melhorar sua área de pós-venda e já está se mexendo. Às vésperas do fechamento desta edição, o presidente do Grupo Caoa e dono da maior rede de revendedoras Hyundai, Carlos Alberto de Oliveira Andrade, disse: "A situação chegou a um ponto em que era preciso uma intervenção de grandes proporções. A partir de dezembro, trabalharemos com tabelas de preços fixos de revisões, reduziremos o preço das peças e fiscalizaremos a rede para coibir a prática de induzir o cliente a pagar por serviços não obrigatórios". Ainda de acordo com o homem forte da Hyundai no Brasil, os preços das revisões estarão no site da marca e em banners nas concessionárias. É esperar para ver se a situação finalmente mudará.



VEREDICTO 
O público costuma reconhecer rápido um bom produto. Por isso, o i30 hoje é líder de vendas entre os hatches médios. Ao passar pelo Longa Duração, mostrou suas duas faces: no convívio, a ganância e irresponsabilidade da rede; e, no desmonte, a robustez mecânica e o esmero na construção.


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Desmonte E Monte: Fiat Uno

Desmonte do Fiat Uno


Bom aluno, o Uno: foi aprovado no exame final sem maiores restrições. Apanhou logo no começo de sua jornada e sofreu com a indiferença daquelas que deveriam ser suas fiéis defensoras, as concessionárias, mas mesmo assim chegou bem aos 60 000 km.

Com pouco mais de 1 000 km no seu hodôme- tro digital, o Uno foi para o Campo de Provas da TRW, em Limeira (SP). Aos 60 000 km, lá estava ele de novo. "A comparação dos números obtidos nos testes inicial e final costumam dar pistas sobre a saúde do carro", diz Fabio Fukuda, da Fukuda Motorcenter, oficina responsável pelo desmonte dos carros de Longa Duração.

O primeiro e, felizmente, único trauma da traje- tória de 16 meses do Uno entre nós se deu logo na estreia, em novembro de 2010. Parado em meio ao trânsito da Marginal Pinheiros, em São Paulo, ele foi atingido na traseira por um motorista distraído. O episódio trouxe à tona os primeiros problemas com a rede. No Cesvi, os técnicos indicaram que o reparo ideal poderia ser feito com um delicado (e mais barato) serviço de martelinho de ouro, sem soldas ou repintura para evitar a perda da origina- lidade e consequente desvalorização na hora da revenda. Nas concessionárias, os orçamentos fica- ram entre 740 e 1 316 reais, a maioria com suges- tão de repintura e funilaria convencional.

Quanto à qualidade geral, apenas pequenos problemas. O painel do ar-condicionado foi subs- tituído em garantia aos 2 514 km, com o botão do direcionador de fluxo travado. No fim, aos 55 787 km, um defeito intermitente: o vidro elétrico da porta do motorista por vezes não obedecia ao comando do botão. O desmonte, no entanto, trou- xe uma grata surpresa: a Fiat não economizou na colocação de material de isolamento acústico. Não é espesso como o de modelos mais sofistica- dos, lógico, mas a aplicação é mais ampla que a revelada no Ka de Longa Duração, desmontado na edição de junho de 2010.

Fissurada 
Os sistemas de suspensão e direção são merecedores de elogios. Como o carro todo é marcado por Fukuda assim que é incorporado à frota, é possível afirmar que não houve substitui- ção de componentes de maneira não autorizada. Ainda assim, buchas e pivôs de suspensão encerra- ram o teste em bom estado, sem sinais de desgaste que obrigassem substituição imediata. A caixa de direção também se mostrou robusta, sem folga nas barras axiais ou nos terminais.

No motor, a medição de compressão dos cilin- dros indicou que algo estava errado. "O valor obtido no cilindro 2 estava abaixo do dos demais", diz Fukuda. Na ordem dos cilindros, 1/2/3/4, os núme- ros finais foram 260/246,66/263,33/263,33 psi. Infelizmente, a Fiat não fornece os valores nomi- nais de compressão, mas o degrau verificado no cilindro 2 em relação aos demais já é uma pista de que algo estava errado por lá. Os primeiros suspei- tos foram os anéis de compressão dos pistões, mas a medição de folga das suas entrepontas logo os inocentaram. "Todos os anéis estavam dentro dos valores tolerados pela Fiat", diz Fukuda.

A explicação veio com a análise do cabeçote. Tudo certo com as válvulas de escape, mas as de admissão... Todas apresentavam acúmulo de car- vão, em especial a do cilindro 2. O problema, segundo nosso consultor, está nos retentores, cuja função é evitar que o óleo do motor desça do cabe- çote para a câmara de combustão, escorrendo pela haste da válvula.Atacado quimicamente por com- bustível e aditivos encontrados no lubrificante, o retentor também sofre com a alta temperatura - o etanol não tem a mesma lubricidade da gasolina, o que torna a queima mais seca e quente. "O proble- ma é que, ao se desprender, o carvão é pressionado entre a válvula e sua sede, gerando microfissuras visíveis apenas com um exame de luz", diz Fuku- da. "Apesar de muito pequenas, são elas as respon- sáveis pela perda de compressão."

Diâmetros de moente e munhão e folga axial do virabrequim estavam dentro dos limites determi- nados pela fábrica. O exame visual também apro- vou as bronzinas de mancais e bielas, assim como a meia-lua de encosto, todas sem sinais de desgaste.

A fixação do motor merece um cuidado espe- cial. Nosso Uno estava com um dos coxins com a parte flexível, de borracha, quase rompida. De acordo com Fukuda, a quebra não comprometeria a segurança, mas talvez o bom comportamento do carro, a exemplo do que aconteceu com o Agile, desmontado em setembro. Sobre o conjunto de transmissão, mais elogios: "Não encontrei nehum sinal de desgaste no câmbio e a embreagem ainda aguentaria rodar de 15 000 a 20 000 km".

Sem notícia de que as pastilhas se aproximavam do fim na revisão dos 30 000 km (feita na conces- sionáriaVentuno), continuamos utilizando o carro normalmente. Aos 37 500 km, durante uma para- da para troca de óleo, a Amazonas condenou os discos (desgastados a ponto de não permitirem uma retífica) e as pastilhas.A desatenção nos cus- tou 380 reais. Outra pista de que a rede Fiat anda desatenta: o filtro do ar-condicionado estava sujo e obstruído. Sua troca deveria ter sido sugerida na revisão dos 45 000 km, feita pela Sinal.


APROVADO

Firmeza, uno!

Amortecedores dianteiros e traseiros terminaram o teste em perfeito estado, sem nenhum sinal de vazamento ou perda de ação. as marcações feitas no início da jornada do Uno no Longa duração comprovam: os componentes são os mesmos.

Muda o disco

A proximidade do fim das pastilhas não foi detectada na revisão dos 30 000 km. Não deu outra: aos 38 092 km, os discos (riscados a ponto de não permitirem uma retífica) foram condenados e substituídos com as pastilhas, ao custo de 380 reais.

Luva e garfo

O câmbio do Uno nunca foi alvo de reclamações, a não ser pela relação muito longa das marchas altas, quarta e quinta. Garfo e luvas de engate estavam em ótimo estado.

Sem mordida


Dentes perfeitos do câmbio fizeram os 36 motoristas que se revezaram ao volante do Uno sorrir. as engrenagens e seus anéis sincronizadores também estavam em perfeito estado, segundo o consultor Fabio Fukuda.

Anéis de compromisso

A medição da folga de entrepontas dos anéis de compressão dos pistões indicaram que todos eles estavam dentro dos limites tolerados pela Fiat.

Negócio de risco

A olho nu, as sedes das válvulas estavam intactas, mas uma verificação mais apurada revelou que a do cilindro 2 estava com microrranhuras. Apesar de pequenas, deixavam vazar a compressão da câmara.

Azeitado

A superfície das bronzinas de mancais e bielas e da meia-lua de encosto estavam sem nenhum sinal de desgaste. Prova de que a lubrificação do virabrequim está adequada.

Disco de estrada


Com uma vida intensa na estrada (75,2% do total), o Uno teve a embreagem poupada. O disco estava com 3 mm de espessura (a tolerância é de 1,5 mm), o que permite projetar que ainda aguentaria de 15000 a 20000 km.

Borrachudo


Fazer balanceamento, alinhamento e rodízio a cada 10 000 km preservou os pneus do uno. "Eles rodam no mínimo mais 10 000 km", disse o técnico de uma revenda Goodyear.

Cobertura e recheio

Grata surpresa com a retirada do painel e carpete: apesar de ser um popular, o uno tem aplicação correta de material fonoabsorvente. placas e blocos de borracha nos pontos de atrito afastaram os rangidos. Só no fim do teste surgiram reclamações de ruído na cabine, todos na região do porta-malas.

Na bucha

Pivôs, terminais e buchas de bandeja cumpriram seu papel: o uno chegou aos 60 000 km sem barulhos na suspensão.



ATENÇÃO

No limite


Um dos coxins do motor não aguentaria muito tempo. Ele apresentava sinais de ruptura do elemento flexível em duas partes. por enquanto, o problema não comprometia a dirigibilidade.

Depósito à vista


Todas as válvulas de admissão foram contaminadas por óleo — a do segundo estava com o acúmulo mais severo. culpa dos retentores, que deixaram o lubrificante escorrer do cabeçote para as câmaras de combustão pelas hastes das válvulas.

Corpo estranho

A limpeza do corpo de borboleta foi feita na revisão dos 45 000 km. aos 60 000 km, o sistema estava sujo de novo, o que o torna o principal suspeito pelas seguidas falhas na marcha-lenta. Revisões menos espaçadas poderiam resolver a questão.

No apagar das velas

A manutenção projetada pela Fiat indica a troca das velas de ignição a cada 30 000 km, o que de fato aconteceu na revisão. Mas, pelo estado em que elas chegaram aos 60 000 km, conclui-se que o intervalo deveria ser menor.


HISTÓRICO


1 350 km - colisão traseira 
2 514 km -
 painel do ar-condicionado substituído em garantia
29 642 km - Motor engasgando
43 417 km - Lâmpada do painel do ar-condicionado queimada
50 689 km - fusível da tomada 12V queimado
55 787 km - Vidro dianteiro esquerdo não obedece ao comando da tecla. Defeito intermitente


FOLHA CORRIDA 


Preço de compra: 33 697 reais (outubro/2010)
Quilometragem total: 60 520 km
45 531 km (75,2%) rodoviário
14 989 km (24,8%) urbano
Consumo total: 6 613,56 litros de etanol (12 818,11 reais)
Consumo médio: 9,2 km/l

Manutenção:

15 000 km - 156 reais (Mais, Alphaville - SP);
30 000 km - 701 reais (Ventuno, São Paulo - SP);
45 000 km - 561 reais (Sinal, São Paulo - SP)
Troca de óleo/peças entre revisões - 563 reais / 380 reais
Alinhamento, balanceamento e rodízio extras a cada 10 000 km - 370 reais


ÁLBUM DE RECORDAÇÕES

Ele chegou em outubro de 2010, após três meses de espera.


Aos 9 004 km, uma parada no mirante de Cruzeiro (SP).


ROTEIRO


CHECK-UP


Quilometragem / 1 073 km / 60 003 km / Diferença entre os testes (%)

0 a 100km/h (s) / 17,8 / 17,2 / 3,4
0 a 1000m (s) / 38,1 / 37,9 / 0,5
3a 40 a 80 km/h (s) / 12,4 / 10,8 / 12,9
4a 60 a 100km/h (s) / 19 / 20/ 5,27
5a 80 a 120km/h (s) / 32,4 / 26,7 / 17,6
Frenagem 60 km/h a 0 (m) / 16,1 / 19,4 / 20,5
Frenagem 80 km/h a 0 (m) / 27,8 / 32 / 15,1
Frenagem 120 km/h 0 (m) / 64,2 / 67,4 / 5
Consumo urbano (km/l) / 8,2 / 8,1 / 1,2
Consumo rodoviário (km/l) / 11,6 / 12,9 / 11,2
Ruído interno PM (dBA) / 45,3 / 52,3 / 15,4
Ruído interno RPM máx. (dBA) / 73,4 / 73,7 / 0,4
Ruído interno 80 km/h (dBA) / 61,3 / 65,3 / 6,5
Ruído interno 120 km/h (dBA) / 69,9 / 70,1 / 0,3


FICHA TÉCNICA


Motor: dianteiro, transversal, 4 cilindros, 8V, 999 cm3
Diâmetro x curso: 70x64,9mm
Taxa de compressão: 12,15:1
Potência: 75/73 cv a 6250 rpm
Torque: 9,9/9,5 mkgf a 3850 rpm
Câmbio: manual, 5 marchas, tração dianteira
Dimensões: comprimento, 377 cm; largura, 164 cm; altura, 148 cm; entre- eixos, 238 cm
Peso: 895 kg
Peso/potência: 11,9/12,3 kg/cv
Peso/torque: 90,4/94,2 kg/mkgf
Volumes: porta-malas, 280 litros; tanque, 48 litros
Suspensão: Dianteira: independente, Mcpherson.Traseira: eixo de torção Freios: disco sólido (diant.), tambor (tras.)
Direção: hidráulica (opc.)
Pneus: 175/65 R14 (opc.)
Principais opcionais: ar, direção hidráulica, travas e vidros elétricos, som, ABS, airbag duplo


VEREDICTO

O Uno sai aprovado do Longa Duração, mas o serviço da rede pede atenção especial da fábrica. A eficiência das revisões muito espaçadas também é um ponto questionável.